terça-feira, 14 de junho de 2011

Casos curiosos


Veja abaixo alguns casos curiosos que evidenciam as diferenças e preconceitos em relaçao a genero

Caso 1
 
Uma babá inglesa, Louise Woodward, foi a julgamento pelo assassinato do bebê Matthew Eappen. A mãe - médica - foi acusada de ser responsável pelo crime, porque preferiu trabalhar três dias por semana como oftalmologista. Alegava-se que o marido ganhava dinheiro suficiente como médico e ela não precisava trabalhar e deixar o filho com outra pessoa. Manifestantes ligavam para programas de rádio para dizer que a babá não tinha culpa, que a culpa era da mãe, que ela bem merecia ter perdido o bebê. Eles criaram um site para destilar o seu ódio contra ela. Ao invés de consolo esta senhora recebeu o escárnio. O marido não foi criticado em nenhum momento por trabalhar fora de casa em turno integral. Tratava-se apenas do Pai. Por isso, ele pode sair em defesa de sua mulher que não tinha condições de defender-se e sofria profundamente a perda do filho.
A maternidade é função da mulher. Mas... embora seja vista como a principal, senão a única forma de realização para o sexo feminino, quando as mulheres consideradas símbolos sexuais engravidam, são profundamente questionadas na sociedade sobre sua capacidade de assumir a maternidade, e de serem boas mães. Segundo professa uma das mais importantes instituições sociais no ocidente - a Igreja Católica, a maternidade deve andar distante da sexualidade e o sexo, submetido à procriação. O espaço doméstico é o lugar preferencial da mulher. Mulheres bem sucedidas profissionalmente são vistas como mães ausentes. O espaço público é reservado ao homem, provedor. Quando mãe e pai trabalham fora, em caso de acidentes domésticos com os filhos a responsabilidade e as críticas recaem pesadamente sobre a mulher.
As instituições reforçam os papéis tradicionalmente atribuídos às mulheres e homens. Especialmente os serviços sociais - setor de educação e saúde estão organizados sem levar em consideração os horários vigentes no mercado formal de trabalho. As aulas começam no mesmo horário que os pais precisam estar no emprego. As consultas são oferecidas no horário comercial. Supõe-se que as crianças e pessoas doentes terão alguém disponível para conduzi-las e este alguém é certamente uma mulher. Os homens não são bem aceitos nesse papel.

Caso 2
 
Um aluno do 5º ano medicina, pediu ao professor de farmacologia para fazer prova em segunda chamada porque precisava levar seu filho ao médico. O professor, recusou o pedido e grosseiramente lhe perguntou: _essa criança não tem mãe? (Brasil, 1979)
Este professor sequer levou em conta que, por ser um estudante do quinto ano de medicina, o pai poderia estar mais habilitado para explicar a doença, compreender as orientações e acompanhar o tratamento do filho.
Há estudos demonstrando que na implantação de políticas especiais, como atendimento domiciliar a pessoas com doenças crônicas e necessidades de cuidados intensivos, as mulheres das famílias ou voluntárias são as primeiras a serem convidadas para assumir as tarefas, para quem são dados os primeiros treinamentos, como se elas tivessem uma vocação nata para a enfermagem e o serviço social (3). E certamente não é à toa que, mais de 90% das pessoas que desempenham essas funções são mulheres.
No setor saúde, só muito recentemente os homens estão sendo admitidos como acompanhantes e isso, provavelmente, se baseia na concepção de que a mulher é responsável por esta tarefa e tem os atributos para desempenhá-la melhor. Por outro lado, a demanda de saúde dos homens não tem sido considerada, senão quando eles estão em situações limite, de vida-morte, nas emergências. Se o homem não pode chorar, também não pode adoecer nem reclamar por pouca coisa.
A identidade definida pelo gênero-vinculado-ao-sexo não responde as necessidades individuais. Cada sujeito é uno, tem sua própria história, desejos e expectativas. O sexo não pode definir a identidade, tampouco a orientação sexual de cada pessoa.

Caso 3
 
Correio Brasiliense (2000): Morre um desempregado. O jornal registra a sua história: angustiado por não conseguir emprego, depois de dizer à mulher que não suportava lhe dar despesas, um homem, como qualquer outro, atirou-se na frente dos carros que passavam numa avenida de grande movimento. Ele não atendeu os apelos de sua companheira e foi atropelado por uma carreta. Há seis meses procurava emprego. Naquela tarde, marcou de encontrar-se com a mulher, empregada doméstica, e seguirem juntos para casa. Ela percebeu sua expressão de tristeza, procurou consolá-lo, mas não conseguiu. Quem poderá imaginar uma mulher, cometendo suicídio por estar desempregada e ser sustentada pelo marido?
A proposição de modelos pouco flexíveis engessa o desenvolvimento pessoal, profissional, material, espiritual, emocional de homens e mulheres. Deste modo, a sociedade é, ao mesmo tempo, autora e vítima do "gênero" que ela própria constrói.

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