Atravez de entrevistas verificamos que muitas das dificuldades encontradas tanto, no periodo de formação, quanto no periodo de docencia, são em comum para todas as mulheres entrevistadas. A maioria, se não todas as que tem filhos, citaram a questão da maternidade; muitas falaram dos cuidados do lar; e, até mesmo, um maior nivel de formação em relação ao companheiro são exemplos de fatores que atraplaram de alguma forma a vida academica das docentes. Foi citado, tambem, o fato de que muitas vezes as mulheres não tem o mesmo reconhecimento em relação aos homens, quanto a seus feitos.
Veja alguns trechos das entrevistas em que podemos verificar isso:
Entrevistador: Você conhece alguma mulher, no campo acadêmico, que sofreu discriminação por gênero?
Entrevistada: conheço
Entrevistador: Como foi?
Entrevistada: na verdade eu vi isso em relação a uma aluna de pós-graduação, onde dois alunos inseridos no mesmo projeto, uma moça e um rapaz, da mesma idade, mais ou menos a mesma formação de curso e eu considero que o rapaz teve maiores e mais oportunidades. O trabalho que ele faz é mais reconhecido, sendo que os dois trabalham no mesmo projeto e, na verdade, a moça trabalha muito mais do que o rapaz; e o trabalho dela fica sempre em segundo plano
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Entrevistador: Você já se sentiu reprimida ou desestimulada ao realizar um feito cientifico por ser mulher?
Entrevistada: assim, não desestimulada. O fato de ser mulher às vezes me atrapalha, atualmente mesmo, de ser mulher e mãe. Na verdade não é só ser mulher. Isso me atrapalha um pouco pois toma meu tempo. Isso é obviamente pelo fato de ser mulher, só é mãe quem é mulher.
Entrevistador: então isso está mais ligado ao fato de ser mãe.
Entrevistada: é, que está diretamente ligado ao fato de ser mulher. ((risos))...
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Entrevistador: Como a senhora avalia sua trajetória quando comparado a outros profissionais que atuam na mesma área, porem do sexo masculino?
Entrevistada: eu considero que os profissionais do sexo masculino têm mais::, comparado a mim e não a outra mulher, eu acho que eles conseguem desenvolver melhor, no meu caso, por conta dos filhos.
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Entrevistador: Seu companheiro tem a mesma profissão que você?
Entrevistado: Sim, risos.
Entrevistador: Ele compreende sua dedicação ao trabalho?
Entrevistada: Sim né,mas, mesmo sendo da área que ele compreende as vezes, sabe é...as vezes ele acha que eu deveria tomar conta mais um pouco mais da casa, das meninas
(Entrevistada: "Tulipa")
Entrevistador: Sofreu ou sofre preconceito na vida acadêmica?
Entrevistada: na vida acadêmica não sei dizer poque eu entrei agora,mas durante minha formação sim,não só relacionada a gênero,mas com relação também ao aspecto físico... a pessoa albina e gênero também, aquela coisa meio velada,mas sempre tem... Você não pode fazer isso por ser mulher e etc.
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Entrevistador: Na sua profissão há diferenciação de salário entre homem e mulher?
Entrevistada: olha, aquela coisa como o homem exerce mais cargos de chefia eles tendem a ganhar mais, inclusive no meu caso eu trabalhei em um lugar onde eu desenvolvia a mesma função que um homem e ele ganhava mais que eu,dessa forma esse foi o contexto de quando eu entrei no órgão mas continuou pelo uma questão de gênero.
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Entrevistasor: O fato de ter escolhido essa profissão e obter a presente formação atrapalhou os seus relacionamentos? De alguma maneira, a sua dedicação à ciência dificultou uma união estável?
Entrevistada: Atrapalha sim,poque são duas coias distintas e se tem aquela visão que mulher tem que cuidar da casa,cuidar do marido... E quando você faz uma coisa diferente disso,você vista como aquela que privilegiou a carreira e por isso estar sozinha... E não é isso eu fui aonde a vida me levou.
(Entrevistada: "Margarida")
Entrevistador: O fato de ter escolhido essa profissão e obter sua presente formação ajudou, atrapalhou ou não interferiu em seus relacionamentos?
Entrevistada: acho que sim. Talvez a falta de tempo, talvez a minha maior formação quando comparada com a dele ((no caso o ex-marido)), no meu caso isso fez diferença sim. Essa diferença também me fez desistir o meu doutorado, pois ele era graduado em administração e mal sabia falar inglês. E a nossa expectativa, as vezes, é que a pessoa também vá atrás, que estude. Isso interfere sim.
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Entrevistador: Você adiou o casamento ou a vinda de filhos por motivos acadêmicos ou financeiros?
Entrevistada: [...] não, na verdade não, mas isso me gerou muitos problemas. Eu não adiei, mas eu vejo que isso me trouxe muito transtorno na época, a ponte de escutar de coordenadora de doutorado que eu não podia ter engravidado. Existe algumas coordenadoras, orientadoras que têm um contrato que as proíbem de engravidar num certo período, porque atrapalha mesmo. Tenho um exemplo ótimo, por eu ter casado eu deixei de fazer um doutorado sanduiche nos EUA.
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(Entrevistada: "Girassol 2")
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